sexta-feira, 23 de março de 2018

Filha de Pedro Corrêa busca se reinventar em Pernambuco

 
Imagem: Reprodução

Aline Corrêa viveu em Campinas (SP) por mais de 20 anos, quase o mesmo período em que o pai dela, Pedro Corrêa, ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados e foi cassado em 2006 com o escândalo do Mensalão. Já atuando nas bases do PP, partido fundado por ele, foi eleita no mesmo ano deputada federal por São Paulo, longe do pernambucano. 

Aline anunciou a sua pré-candidatura a uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado de onde saiu aos 21 anos. Para a Casa, quer levar a bandeira do municipalismo, que atribui ao ex-governador Eduardo Campos (PSB) e ao pai, que acompanha a articulação da filha do apartamento à beira-mar no Recife onde cumpre prisão domiciliar pela Operação Lava Jato.

Pedro Corrêa foi figura expressiva na política pernambucana até o Mensalão, em que foi condenado, preso e cassado. Há três anos, voltou a receber sentença por corrupção. Em sua delação premiada, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado, acusou o ex-presidente Lula (PT). “Não sou nenhum santo, sou um político da minha geração”, afirmou em entrevista ao jornal O Globo há dois meses. 

“Eu faço política numa geração diferente da dele”, diz Aline Corrêa.

“As comparações sempre vão existir, mas em São Paulo eu consegui ser Aline. Aos poucos, as pessoas vão me dar oportunidade”, afirma ainda. 

A ex-deputada federal afirma que deve diferenciar os papéis como filha e como cidadã. “Existe a Aline filha, que é apaixonada pelo pai. Ele era muito autoritário sempre, mas sempre foi muito família e, com tudo isso (condenações e prisões), nunca perdeu a unidade”, explica.

Por outro lado, afirma que vai defender “aquilo que a sociedade quer”, citando a reforma eleitoral e mudanças no financiamento de campanhas. “Posso te garantir que a gente não enriqueceu na política. A gente viu pessoas que tinham milhões de dólares. Se a gente for na ponta do lápis, meu pai empobreceu na política”, defende. “A gente sempre diz a ele: ‘pai, se isso tudo servir para melhorar o Brasil, ótimo’. Ele sempre está muito sereno”.

Sobre a candidatura, ela diz que Pedro Corrêa “não pode estar presente, mas é uma pessoa que vibra”. Na entrevista ao Globo, o ex-deputado admitiu que tem vontade de voltar à Câmara, para onde a filha não tem interesse de ir por querer concluir o curso de direito, retomado em 2016.

Quando se candidatou pela primeira vez, em 2006, ela recebeu apenas 11.132 votos, mas foi eleita pelas beneficiada pelos resultados de Paulo Maluf (739.827 votos) e Celso Russomano (573.524 votos). Em 2010, teve 78.317 votos. Já em 2014, pouco antes de o pai afirma ter desistido por uma renovação no partido, para retirar Maluf e Russomano do comando.

Aline Corrêa diz ainda ter “crescido como humana” com as prisões do pai e critica os presídios de Pernambuco, onde ele ficou até que a Lava Jato o levasse para Curitiba. “Independente das questões, temos um pai que passou por seis presídios. Tinha que levar comida, remédios”, afirma. “São indústrias do mal”, denuncia. Para ela, o caso serviu de exemplo para refletir sobre a questão carcerária. Em Pernambuco, há cerca de 30 mil presos para 11 mil vagas.

Entre os deputados federais do PP, Eduardo da Fonte é o presidente estadual do partido. Com ele, Aline Corrêa diz não ter proximidade política, mas ter construído uma relação de colega quando estava na Câmara. Hoje, segundo ela, é de filiada para presidente da legenda. “A relação dele com meu pai não era boa, era de opostos, de adversários”, lembrou.

O parlamentar tem articulado a ampliação dos quadros do PP, para aumentar o número de cadeiras na Assembleia Legislativa. Hoje, a sigla já tem a terceira maior bancada, com seis deputados estaduais. Além disso, cresceu no governo Paulo Câmara (PSB), que entregou duas secretarias em busca de apoio do partido que tem o quarto maior tempo de televisão na campanha.

Em meio às negociações, Eduardo da Fonte tem divulgado fotos com os pré-candidatos, mas não falou publicamente ainda sobre Aline Corrêa. Questionada, a ex-deputada não comentou a recepção à sua pré-candidatura e disse que caberá ao diretório estadual definir a lista de quem estará na disputa. “Não acredito que vá ter resistência ao meu nome”, prevê.


NE 10

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