terça-feira, 3 de abril de 2018

MPF abre inquérito sobre empréstimo de 83 milhões da gestão de Raquel Lyra com a Caixa

Imagem: Reprodução

O Ministério Público Federal (MPF) em Caruaru abriu um inquérito para investigar a legalidade do empréstimo de R$ 83 milhões entre a Caixa e a atual gestão de Caruaru, da prefeita Raquel Lyra (PSDB).

Segundo o procurador da República Luiz Antônio Miranda, há “possibilidade de se configurar um superendividamento do município de Caruaru” e “preocupação quanto a eventual impossibilidade de pagamento em detrimento de empresa pública federal, assim como eventual impacto em relação à União”.

“Tais riscos não parecem, a princípio, aceitáveis, diante do que se verifica dos achados do Analista Ministerial Contador do Ministério Público do Estado de Pernambuco, mormente no que se refere ao observado quanto à incompatibilidade do valor da operação de crédito com o histórico de despesas de capital da Prefeitura de Caruaru, assim como no que tange à fragilidade jurídica da garantia prevista. Destaca-se que a utilização do Fundo de Participação dos Municípios como garantia de empréstimo por parte da CAIXA e do Município não parece se compatibilizar com o disposto pelo Art. 167, §5, da Constituição da República. Nesse sentido, verificam-se possíveis e relevantes irregularidades na operação de crédito em análise, a merecer os devidos esclarecimentos por parte dos envolvidos”, escreve o procurador do MPF, em seu despacho de abertura do inquérito.

Segundos os autos do inquérito do MPF, o empréstimo pretendido é “em valor superior ao dobro da despesa de capital municipal registrada para o ano 2016”.

A decisão do MPF foi tomada em 23 de fevereiro.

O pedido de empréstimo, previsto em projeto de lei enviado pela prefeita Raquel Lyra à Câmara de Vereadores da cidade, já foi alvo de um inquérito no Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e uma ação popular na Justiça Estadual.

Como o Blog adiantou em fevereiro, o MPPE também abriu inquérito sobre a celebração de empréstimo de 83 milhões de reais da Prefeitura de Caruaru com a Caixa.

Segundo o despacho de abertura do inquérito do MPPE, assinado em fevereiro pelo promotor Marcus Tieppo, há “notícias de irregularidades no trâmite do projeto de lei que autoriza o município de Caruaru a celebrar contrato de operação de crédito com a Caixa”.

Ainda, disse o MPPE que “as receitas previstas na Lei Orçamentária Anual de 2018 para operações de crédito não contemplam os valores da contratação”.

A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), sancionou em janeiro de 2018 a lei que trata do programa de Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa), linha de crédito no valor de R$ 83 milhões da Caixa Econômica Federal (CEF) para serviços de infraestrutura.

O projeto de lei foi aprovado na Câmara Municipal, por 19 votos a favor e quatro contra. Esta foi a segunda votação do projeto, que chegou a ser rejeitado na Câmara em dezembro do ano passado.

De acordo com a prefeitura, o financiamento inclui taxas de juros de 2%, carência de dois anos e prazo de 20 anos.

“Lutamos para que o projeto fosse realidade em nosso município e para que as melhorias que tanto queremos chegassem à periferia de nossa cidade. É uma vitória para o povo de Caruaru”, disse a prefeita Raquel Lyra, por meio da assessoria.

Opositor da prefeita na cidade e região, o deputado federal Wolney Queiroz (PDT) fez duras críticas ao empréstimo. Disse que o município está indo no caminho errado em solicitar esse tipo de crédito.

Wolney disse ainda que os juros cobrados são elevados e fez um apelo à prefeita.

“Peço a Raquel Lyra que retire esse projeto. Se ela fizer isso, posso ajudar a buscar parcerias na iniciativa privada para evitar que a prefeitura fique endividada e depois sejam cobrados juros altos”, defendeu o parlamentar.

A Câmara dos Vereadores de Caruaru, ainda em fevereiro, enviou uma nota ao Blog, defendendo a autorização dada pela Casa para a operação de crédito.

“Durante a tramitação do projeto de lei respeitou os princípios da legalidade e da publicidade”, afirmou o Legislativo em nota.

“A Câmara ainda destaca que sempre colocou seus canais de informação, a exemplo do Portal da Transparência e do Sistema de Apoio ao Processo Legislativo, o SAPL, para confirmar a transparência e lisura na condução dos seus atos”, diz ainda o texto.

A Câmara de Caruaru disse estar à disposição dos órgãos de controle, como o Ministério Público, e os tribunais de contas do Estado e da União.

O projeto de lei foi aprovado na Câmara Municipal, por 19 votos a favor e quatro contra. Esta foi a segunda votação do projeto, que chegou a ser rejeitado na Câmara em dezembro do ano passado. De acordo com a Prefeitura, o financiamento inclui taxas de juros de 2%, carência de dois anos e prazo de 20 anos.

O financiamento prevê R$ 16,7 milhões para obras de esgotamento sanitário, R$ 15 milhões para infraestrutura para feiras e mercados públicos, R$ 14 milhões para construção e reforma de parques, praças, jardins e aquisição de equipamentos, R$ 13,1 milhões para obras e serviços de drenagem de águas pluviais, entre outros serviços.


NE10

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