terça-feira, 21 de agosto de 2018

Incerteza eleitoral faz dólar fechar a R$ 4,039

Imagem: Reprodução

O dólar comercial volta a atingir R$ 4 após mais de dois anos. A divisa dos Estados Unidos fechou em alta de 2,04% ante o real, cotada a R$ 4,039. É é o maior patamar desde fevereiro de 2016. É a incerteza eleitoral que faz a divisa ganhar força, apesar da moeda americana perder força em escala global. O mau humor atingiu também o mercado acionário. O Ibovespa recuou 1,5%, aos 75.180 pontos, com a queda forte dos papéis de estatais.

Para Hideaki Iha, operador da Fair Corretora, essa volatilidade irá continuar até o final das eleições e não é possível, no momento, afirmar que esse é o teto para a moeda ou descartar uma desvalorização do dólar.

— O que vemos hoje é o risco maior. É a eleição. Com a incerteza, os investidores zeram posições (reduzem as aplicações em diferentes ativos) e buscam o dólar. Não dá para dizer que é definitivo. Vai depender do cenário eleitoral — avaliou.

Os candidatos considerados alinhados com as reformas econômicas defendidas pelo mercado ainda não têm bom desempenho nas intenções de voto, e isso faz com que os investidores fiquem na defensiva e procurem segurança no dólar. Há o temor de que nenhum político com esse perfil mais reformista vá para o segundo turno.

— No Brasil, o mercado segue receoso tanto pelo fato de que candidatos que são considerados alinhados com as reformas estruturais estão performando mal, quanto pela fragilidade do atual governo, que dificilmente terá força para aprovar medidas importantes para o país até o fim do ano — avalia Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.

Na visão de Carlos Eduardo Eichhorn, diretor de gestão da Mapfre Investimentos, além da incerteza eleitoral, que causou a valorização da moeda americana nesta terça-feira, o dólar tem ganhado força em escala global neste ano, o que tem prejudicado as moedas de diversos emergentes.

— A alta nos juros nos Estados Unidos leva a uma migração dos investimentos. Além disso, há o receio de que a guerra comercial se transforme em uma guerra cambial. O real não está sozinho nessa desvalorização — afirmou, acrescentando que não espera que o Banco Central atue nesse momento, já que a volatilidade no período eleitoral já era esperada.

O CDS (credit default swap), que funciona como uma espécie de seguro para títulos no exterior, opera em alta nesta terça-feira, a 254 pontos, ante fechamento de 238 pontos na segunda-feira.

No exterior, o “Dollar Index”, que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, registrava queda de 0,67% próximo ao encerramento dos negócios no Brasil. Esse comportamento foi motivado, principalmente, por declarações do mandatário americano. Donald Trump disse que “não está satisfeito” com alta dos juros promovida pelo atual presidente do Fed, Jerome Powell. Trump afirmou ainda que autoridade monetária deveria fazer mais para impulsionar a economia americana.

Principais ações em queda

Os papéis de estatais caíram forte durante o pregão. As preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras terminaram o pregão com queda de 3,49% e as ordinárias (ONs, com direito a voto) recuaram 1,67%. Queda ainda mais acentuada teve a Eletrobras. As PNs afundaram 6,57% e as ONs, 5,35%. 

Os bancos, de maior peso na composição do índice, também operaram em terreno negativo. O que mais recuou foi o Banco do Brasil, com tombo de 3,98%. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco recuaram, respectivamente, 1,29% e 2,43%.

— A grande questão para esse cenário de alta do dólar voltou a ser o cenário eleitoral. Com a divulgação de duas pesquisas eleitorais na segunda, foi visto que candidatos de centro estão performando mal, o que não é bom na avaliação do mercado — indicou Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença. — Esse fato faz o dólar ganhar força frente ao real quanto prejudica as ações das principais empresas no Ibovespa, como Petrobras e Banco do Brasil.

A maior alta foi registrada pela Suzano, com valorização de 4,38%. Na outra ponta, as ações da Gol recuaram 9,87%, liderando as perdas entre os papéis do índice.


O Globo

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